24 de janeiro de 2012

Receptor gustativo para gordura é identificado em humanos

Porque algumas pessoas gostam tanto de alimentos gordurosos? A resposta pode estar nas papilas gustativas. Uma pesquisa publicada no dia 31 de dez. de 2011 no Journal of Lipid Research por pesquisadores da  Washington University School of Medicine in St. Louis mostra que variações em um determinado gene podem tornar as pessoas mais ou menos sensíveis ao gosto de gordura nos alimentos. 
Descobriram que a característica aparece em pessoas com uma variante particular do gene CD36, tornando-se muito mais sensíveis do que outros. O objetivo é entender como o paladar, ou seja, a nossa percepção da gordura pode influenciar o que comemos e a quantidade de gordura consumida. 

O estudo contou com 21 pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) de 30 ou mais. Alguns participantes apresentaram a variação genética que contribui para o aumento de CD36, diferente de outros. Com grampos no nariz, foram convidados a provar três soluções diferentes, uma delas continha uma pequena quantidade de gordura (ácidos graxos livres ou triglicérides), enquanto as outras duas não tinham, sendo semelhantes apenas em textura. A partir daí, apontaram a solução diferente.

As pessoas com mais proteína CD36 detectaram facilmente a presença de gordura, se tornando oito vezes mais sensíveis do que quem apresentou 50% menos proteína. A medida que o consumo de gordura aumenta, elas se tornam menos sensíveis a ela, exigindo mais para que se obtenha a mesma satisfação. A quantidade de proteína pode ser modificada, tanto pela genética, quanto pela dieta.

A gordura é importante, porém, os seres humanos e animais tendem a optar pelo excesso. Os cientistas acreditavam que tais alimentos eram identificados principalmente pela textura, mas esse estudo sugere que a presença de gordura pode alterar a forma como a língua reconhece os alimentos, assim como doce, azedo, amargo, salgado...

Nos estudos com animais, descobriu-se que a CD36 é ativada por ácidos graxos, não triglicérides. Porém, os ratos foram capazes de ativa-la com ambos, provavelmente devido a atividade da lipase salivar, responsável pela quebra do triglicérides em ácidos graxos ainda na boca. Em humanos, o papel da lipase não tem sido tão claro, pois as pessoas podiam detectar se era ácido graxo ou triglicérides. Quando os ratos são geneticamente modificados sem o gene CD36, não apresentam preferencia por alimentos gordurosos, tendo dificuldade em digeri~los. 

A melhor compreensão de como a proteína funciona pode ser importante na luta contra a obesidade, que só tem crescido e contribui para a incidência de doença cardiovascular, acidente vascular cerebral, diabetes tipo2, certos tipos de canceres, artrite, dentre outros problemas. 


REFERÊNCIA:

Receptor for tasting fat identified in humans. Em: Washington University in st.Louis. Disponivel em: <> http://news.wustl.edu/news/Pages/23206.aspx >. Acessado em: 24 de janeiro de 2012.

14 de janeiro de 2012

Descoberta: Irisina - Hormônio do exercício.

Um estudo publicado quarta feira (11) na revista Naturre, conduzido por pesquisadores da Dana-Farber Cancer Institute e Harvard Medical School, mostra que o exercício físico estimula a produção de um hormônio que tem a capacidade de aumentar o gasto energético e consequentemente, a queima de gordura corporal, através da transformação da gordura comum em gordura marrom. O novo hormônio, até então desconhecido, recebeu o nome de irisina, em referência à deusa mensageira da mitologia grega, Íris.
Tecido Adiposo
Os pesquisadores acreditavam que células musculares se comunicam bioquimicamente com a gordura corporal, porém, não sabiam como, até que acompanharam de perto as operações de uma substancia chamada PGC1-alpha, que é produzida em abundância pelos músculos durante e após os exercícios e responsável por muitos dos benefícios atribuídos a tal pratica. 

A PGC1-alpha estimula a expressão de uma proteína chamada Fndc5, que se quebra em duas partes, dando orgiem a Irisina.  Diferente da maioria das substâncias produzidas nos músculos, ela não permanece lá. Entra na corrente sanguínea e segue em direção ao Tecido Adiposo Branco (TAB) – responsável por armazenar energia – , que na sua presença transformam -se em gordura marrom (TAM). Os pesquisadores acreditam que a quantidade de exercícios (Irisina) é proporcional a quantidade de gordura marrom no organismo.

A constatação de que Irisina pode contribuir para o escurecimento da gordura corporal é uma descoberta extraordinária, visto que a gordura marrom é fisiologicamente desejável  e metabolicamente ativa, atuando na manutenção da temperatura corporal (termogênese) através da queima de calorias. Pensava-se que adultos não possuíam esse tipo de gordura, porém, estudos recentes mostram que temos um aporte de TAM que varia de pessoa para pessoa.
Finalmente, foram realizados experimentos com células musculares de pessoas voluntarias, que haviam seguido á risca um programa de corrida no decorrer de uma semana. Foi notado um aumento dos niveis de Irisina, que é uma forte candidata ao desenvolvimento de novos tratamentos para diabetes, obesidade e outras doenças, como o câncer.
Enquanto a Irisina parece ter um grande impacto sobre o metabolismo, não parece desempenhar qualquer papel perceptível nos efeitos que o exercício tem no coração ou no cérebro. Várias questões permanecem sem solução. Apesar de todos os benefícios, os ratos perderam pouco peso, porém resistiram ao ganho - mesmo com uma dieta rica em gordura - e os níveis de açúcar no sangue se mantiveram estáveis.
No futuro, os pesquisadores esperam testar as injeções de irisina em pessoas que, devido a deficiências ou problemas de saúde, não podem praticar atividade física. Ele também quer descobrir qual a quantidade e o tipo de exercício capazes de levar ao aumento da substância em pessoas saudáveis.


REFERÊNCIAS:
 Exercise Hormone May Fight Obesity and Diabetes. Em: The New York Times, Jan. 2012. Disponível em: <> http://well.blogs.nytimes.com/2012/01/11/exercise-hormone-helps-keep-us-healthy/?scp=2&sq=hormone&st=cse > , Acessado em: 13 de janeiro de 2012.
Reaping benefits of exercise minus the sweat - Researchers isolate messenger protein linking exercise to health benefits. Em: Harvard University, Jan. 2012. Disponível em: <> http://news.harvard.edu/gazette/story/2012/01/reaping-benefits-of-exercise-minus-the-sweat/ >. Acessado em: 13 de janeira de 2012.