23 de fevereiro de 2011

Probióticos X Esporte


A alteração da flora intestinal com o aumento das bactérias patogênicas resulta na destruição de vitaminas, inativação de enzimas, produção de toxinas cancerígenas e destruição da mucosa intestinal, levando a uma menor síntese e absorção de nutrientes (SANDERS, 2003). Sabe-se que a prática de exercícios físicos exige bastante do organismo em termos de nutrientes, levando o praticante a uma redução de sua performance caso a ingestão e posterior absorção dos mesmos não seja adequada (LUKASKI HC., 2004). Diversos atletas de alto nível, principalmente aqueles não profissionais, podem apresentar a flora do intestino alterada. Inúmeros estudos mostram a interação dos probióticos com a barreira intestinal (BOURLIOX et al, 2003).

Probióticos

A definição atualmente aceita internacionalmente é que probióticos são microrganismos vivos, administrados em quantidades adequadas, que conferem benefícios à saúde do hospedeiro (WHO, 2001; SANDERS, 2003). As principais aplicações de culturas probióticas são realizadas em produtos lácteos como leites fermentados e iogurtes, alimentos que são consumidos em grande escala. Podem ser adicionados como cultura única ou em conjunto com outras bactérias lácticas, durante ou após a fermentação, ou ao produto fresco antes de sua distribuição (ANJO, 2004; HAULY; FUCHS; PRUDENCIO-FERREIRA, 2005).

Os probióticos são capazes de atuar de três formas diferentes (SAAD, 2006; TIRAPEGUI, 2006):
- supressão do número de células viáveis ao produzir compostos com atividade antimicrobiana pela competição por nutrientes e por sítios de adesão;
- alteração do metabolismo microbiano (aumentando ou diminuindo a atividade
enzimática);
- estimulação da imunidade do hospedeiro, aumentando a produção de anticorpos e a atividade dos macrófagos, conferindo ao indivíduo efeitos de ordem antimicrobiana, nutricional e fisiológica.

Atualmente, os probióticos são utilizados em medicina humana visando prevenção e tratamento de doenças, regulação da microbiota intestinal, inibição da carcinogênese e em distúrbios do metabolismo gastrintestinal (COPPOLA; GIL-TURNES, 2004). As principais bactérias empregadas como suplementos em alimentos funcionais probióticos são as pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium (FUCHS et al, 2005; HAULY; FUCHS; PRUDENCIO-FERREIRA, 2005).

Diversos autores vêm sugerindo possíveis efeitos benéficos de culturas probióticas sobre a saúde do hospedeiro. Entre esses efeitos benéficos, merecem destaque o controle das infecções intestinais, o estímulo da motilidade intestinal, com conseqüente alívio da constipação intestinal, a melhor absorção de determinados nutrientes, a melhor utilização de lactose e o alívio dos sintomas de intolerância a esse açúcar, a diminuição dos níveis de colesterol, o efeito anticarcinogênico e o estímulo do sistema imunológico, pelo estímulo da produção de anticorpos e da atividade fagocítica contra patógenos no intestino e em outros tecidos do hospedeiro, além da exclusão competitiva e da produção de compostos antimicrobianos (LEE et al., 1999; GOMES; MALCATA, 1999; SHORT, 1999; SREEKUMAR; HOSONO, 2000; NAIDU, CLEMENS, 2000).

Probióticos e Atividade física

Práticas alimentares que promovam a boa saúde e o desempenho ideal, são de interesse dos atletas, técnicos, médicos e nutricionistas (WEST et al, 2009).  Como já citado anteriormente, a prática de exercícios físicos exige bastante do organismo em termos de nutrientes, sendo que, se o atleta tiver uma alteração da flora intestinal, pode resultar no aumento das bactérias patogênicas e consequentemente na destruição de vitaminas, inativação de enzimas, produção de toxinas cancerígenas e destruição da mucosa intestinal, levando a uma menor síntese e absorção de nutrientes (LUKASHI, 2004)

Esta situação pode ser regularizada com o uso de elementos probióticos que visam adequar a microbiota intestinal, garantindo uma ótima absorção dos nutrientes e com isso a melhoria da performance física do atleta (LORA V. HOO-PER, 2001). Exercícios extenuantes podem inclusive inibir a imunidade inata pela redução da proteção da mucosa do trato gastrointestinal, mas alguns estudos  concluiram que a administração de probióticos incrementa o sistema imune da mucosa em atletas de elite submetidos a treino exaustivos (CUMMINGS; MACFARLANE, 2002; AMANDA et al, 2008). Ainda, estudos sugerem que os probióticos teriam a capacidade de modular o impacto na função imune que ocorre logo após o exercício físico (WEST et al, 2009)


Referências Bibliográficas:

ANJO, D.F.C. Alimentos funcionais em angiologia e cirurgia vascular. J. Vasc. Br, v.3, n.2. 2004.

BARRANTES, X. et al. Evaluación del efecto de cultivos probióticos adicionados a yogurte comercial, sobre poblaciones conocidas de Listeria monocitogenes y Escherichia coli O 157: H7. Archivos Latinoamericanos de Nutrición, v. 54, n.3, 2004.

BRITO, I.P.; FARO, Z.P. Bifidobactérias: uma forte tendência de uso como probióticos. Rev. Higiene Alimentar, São Paulo, v. 18, n.120, 2004.

CARVALHO, P. G. B. et al. Hortaliças como alimentos funcionais. Horticultura Brasileira, v.24, n.4, 2006.
COPPOLA, Mario de Menezes; GIL-TURNES, Carlos. Probióticos e resposta imune. Rev. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.4, 2004.

FRANCO, Robson Maia; OLIVEIRA, Luiz Antônio Trindade; CARVALHO, José CarlosAlbuquerque Prado. Probióticos – Revisão. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.20, n.142, 2006.
FUCHS, R.H.B. et al. Iogurte de soja suplementado com oligofrutose e inulina. Rev. Ciênc. Tecnol. Alimentos, v. 25, n.1, 2005.

HAULY, M.C.O., FUCHS, R.H.B. Suplementação de iogurte de soja com frutooligossacarídeos: características probióticas e aceitabilidade. Rev. Nutrição, Campinas, v.18, n.5, set./out. 2005.

LEE, Y.K., NOMOTO, K., SALMINEN, S., GORBACH, S.L. Handbook of probiotics. New York: Wiley, p 211, 1999.

NAIDU, A.S., CLEMENS, R.A. Probiotics. In: NAIDU, A.S. Natural food antimicrobial systems. Boca Raton: CRC, p.431-462, 2000.

PASSOS, Luciana Mara Liboni; PARK, Yong Kun. Frutooligossacarídeos: implicações na saúde humana e utilização em alimentos. Rev. Ciência Rural, Santa Maria, v. 33, n. 2, 2003.

RAUD, C. Os alimentos funcionais: a nova fronteira da indústria alimentar análise das estratégias da danone e da nestlé no mercado brasileiro de iogurtes. Rev. Sociol. Polít., p.85-100, 2008.

ROBERFROID, M.B. Functional food concept and its application to prebiotics. Dig. Liver Dis., Rome, v.34, p.105-110, 2002.
SAAD, S. M. I. Probióticos e prebióticos : o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 42, n. 1, p. 1- 16, 2006.

SANDERS, M.E. Probiotics: considerations for human health. Nutr. Rev., New York, v.61, n.3, p.91-99, 2003

SHORTT, C. The probiotic century: historical and current perspectives. Trends Food Sci. Technol., v.10, p.411-417, 1999.

SREEKUMAR, O., HOSONO, A. Immediate effect of Lactobacillus acidophilus on the intestinal flora and fecal enzymes of rats and the in vitro inhibition of Escherichia coli in coculture. J. Dairy Sci., v.83, n.5, 2000.

TEJADA-SIMON, M.V., LEE, J.H., USTUNOL, Z., PESTKA, J.J. Ingestion of yogurt containing L. acidophilus and Bifidobacterium to potentiate immunoglobulin A responses to cholera toxin in mice. J. Dairy Sci., v.82, p.649-680, 1999.
TIRAPEGUI, Júlio. Nutrição: fundamentos e aspectos atuais. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2006.

ZIEMER, C.J., GIBSON, G.R. An overview of probiotics, prebiotics and synbiotics in the functional food concept: perspectives and future strategies. Int. Dairy J., v.8, p.473-479, 1998.

6 comentários:

  1. Adorei a postagem... muito importante a gent ficar informado sobre essas coisas que ajudam a nossa saúde

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  2. Gostei do Post, bem informativo e importante.
    Parabens por ele, pela bibliografia, percebe-se que o seu trabalho de pesquisa foi bem grande e a sintetisação de conteúdo foi bem feita.

    Passa la no meu bloguinho tbm:

    ESCONDERIJO. Jornalismo critico-humoristico.

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    Portanto tem 2 selos pra vc no meu blog, passa lá e pega pf (:

    bom dia!

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  4. Otimo post, eu ñ ligo muito pra alimentação, como o que eu gosto, mas pratico muitos esportes e tals

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    se puder seguir : D

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  5. Começar a ingerir bastante iogurte agora... :D

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  6. Amei a postagem, super abrangente.
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